❝ Escrevo no intervalo entre o que me atravessa e o que consigo dizer. Cada palavra vem do avesso do peito, resgate de afetos partidos e emoções sem forma. Entre o silêncio do não dito e o ruído do mal interpretado, lanço pontes — frágeis e poéticas — entre mim e você. Este é um lugar de pausas fundas e verbos expostos. Bem-vinde às bordas da palavra, onde o sentir encontra abrigo. ❞
sábado, 18 de janeiro de 2020
Conto: A carta de uma morta apaixonada
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
Versos de Ternura - Nikelly Silva
Na
solidão, um abraço é o porto seguro,
Um
refúgio onde a alma encontra abrigo.
No
silêncio desse gesto, o mundo é puro,
E
no calor do toque, todo vazio é mitigado.
Nada
mais é necessário nesse instante,
Apenas
a presença, o calor do corpo amigo.
É
no abraço que o coração se encanta,
E
a solidão se dissolve, sem perigo.
Então,
envolvidos nesse afago sincero,
Descobrimos
que juntos somos mais fortes.
Na
entrega mútua, o amor é verdadeiro,
E
a solidão se transforma em suaves cortes.
Assim,
no abraço, encontramos a cura,
Para
a solidão que nos tenta cercar.
Poise-se
aconchegado, a vida é mais pura,
Quando
no abraço, encontramos o lar.
O frio toque da Melancolia - Nikelly Silva
Na vastidão das sombras noturnas, vagueio,
Em
busca de alento para a alma desolada.
Meu
coração, um campo árido e ressequido,
Chora
em versos de uma melodia amargurada.
Oh,
tristeza que me envolve como um manto,
Teço
palavras em teu nome, ó musa da dor.
Meus
versos são lágrimas de um pranto,
Que
ecoam no vazio, sem ter lugar de valor.
Sigo
o caminho tortuoso da solidão,
Onde
as estrelas se apagam e a esperança se esvai.
A
melancolia me abraça com sua fria mão,
E
na penumbra da noite, meu ser se desfaz.
Assim,
neste soneto maior, exponho meu lamento,
E
nas entrelinhas, revelo meu tormento.
Soneto do buraco do cu - Arthur Rimbaud
Franzida
e obscura flor, como um cravo violeta,
Respira,
humildemente aninhado na turva
Relva
úmida de amor que segue a doce curva
Das
nádegas até ao coração da greta.
Filamentos
iguais a lágrimas de leite
Choraram
sob o vento ingrato que as descarna
E
as impele através de coágulos de marna
Para
enfim se perder na rampa do deleite.
Meu
sonho tanta vez se achegou a essa venta;
Do
coito material, minha alma ciumenta
Fez
dele um lacrimal e um ninho de gemidos.
É
a oliva extasiada e a flauta embaladora,
O
tubo pelo qual desce o maná de outrora,
Canaã
feminil dos mostos escondidos.
sábado, 11 de janeiro de 2020
MEU PENSAMENTO É UM RIO SUBTERRÂNEO – Fernando Pessoa
Meu
pensamento é um rio subterrâneo.
Para
que terras vai e donde vem?
Não
sei... Na noite em que o meu ser o tem
Emerge
dele um ruído subitâneo
De
origens no Mistério extraviadas
De
eu compreendê-las..., misteriosas fontes
Habitando
a distância de ermos montes
Onde
os momentos são a Deus chegados...
De
vez em quando luze em minha mágoa
Como
um farol num mar desconhecido
Um
movimento de correr, perdido
Em
mim, um pálido soluço de água...
E
eu relembro de tempos mais antigos
Que
a minha consciência da ilusão
Águas
divinas percorrendo o chão
De
verdores uníssonos e amigos,
E
a ideia de uma Pátria anterior
À
forma consciente do meu ser
Dói‑me
no que desejo, e vem bater
Como
uma onda de encontro à minha dor.
Escuto‑o...
Ao longe, no meu vago tato
Da
minha alma, perdido som incerto,
Como
um eterno rio indescoberto,
Mais
que a ideia de rio certo e abstrato...
E
p'ra onde é que ele vai, que se extravia
Do
meu ouvi‑lo ? A que cavernas desce?
Em
que frios de Assombro é que arrefece?
De
que névoas soturnas se anuvia?
Não
sei... Eu perco‑o... E outra vez regressa
A
luz e a cor do mundo claro e atual,
E
na interior distância do meu Real
Como
se a alma acabasse, o rio cessa...
Meu pequeno Léxico
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O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo ao Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu,...
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Minha alma, te encontro hoje no espelho do tempo, onde as cicatrizes florescem como lembranças e a dor veste o perfume de um jardim esqu...
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Sonhei que deitava com ele de novo. Não por desejo, mas por memória. Uma cama de casal, dois corpos distantes, e um gesto insólito: jogáv...