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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Conto: A carta de uma morta apaixonada

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Melquiades meu amor que o nosso amor não morra com o tempo. Estou aqui e não sinto o menor constrangimento em estar lhe escrevendo pela primeira vez, promessa é promessa! E eu prometi lembra? sempre cumprirei minhas promessas, e espero que você cumpra as suas também, depois temos que colocar nossos assuntos em dias, não fique matutando tanto a gente não conversávamos com a boca, mas conversávamos com o coração. Quando você chegava do trabalho e se deitava no meu colo, no sofá da sala de nossa casa, bastava pra mim o seu silêncio e a sua presença. Sem percebermos conversávamos muito_ sem repito, necessidade de articular tantas palavras. Entre nós dois a fala sempre foi pouca, mas, a conversa e o entendimento eram muitos. Estamos Melquiades e haveremos de ficar sempre juntos, estar tudo certo aqui as coisas não são tão diferentes do que tem sido ai... Mas aqui estou meu querido esposo e companheiro teimosa como sempre e insistente como nunca, aflita para enviar ao seu coração este pequ

Versos de Ternura - Nikelly Silva

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Na solidão, um abraço é o porto seguro, Um refúgio onde a alma encontra abrigo. No silêncio desse gesto, o mundo é puro, E no calor do toque, todo vazio é mitigado.   Nada mais é necessário nesse instante, Apenas a presença, o calor do corpo amigo. É no abraço que o coração se encanta, E a solidão se dissolve, sem perigo.   Então, envolvidos nesse afago sincero, Descobrimos que juntos somos mais fortes. Na entrega mútua, o amor é verdadeiro, E a solidão se transforma em suaves cortes.   Assim, no abraço, encontramos a cura, Para a solidão que nos tenta cercar. Poise-se aconchegado, a vida é mais pura, Quando no abraço, encontramos o lar.

O frio toque da Melancolia - Nikelly Silva

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 Na vastidão das sombras noturnas, vagueio, Em busca de alento para a alma desolada. Meu coração, um campo árido e ressequido, Chora em versos de uma melodia amargurada.   Oh, tristeza que me envolve como um manto, Teço palavras em teu nome, ó musa da dor. Meus versos são lágrimas de um pranto, Que ecoam no vazio, sem ter lugar de valor.   Sigo o caminho tortuoso da solidão, Onde as estrelas se apagam e a esperança se esvai. A melancolia me abraça com sua fria mão, E na penumbra da noite, meu ser se desfaz.   Assim, neste soneto maior, exponho meu lamento, E nas entrelinhas, revelo meu tormento.

Soneto do buraco do cu - Arthur Rimbaud

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Franzida e obscura flor, como um cravo violeta, Respira, humildemente aninhado na turva Relva úmida de amor que segue a doce curva Das nádegas até ao coração da greta.   Filamentos iguais a lágrimas de leite Choraram sob o vento ingrato que as descarna E as impele através de coágulos de marna Para enfim se perder na rampa do deleite.   Meu sonho tanta vez se achegou a essa venta; Do coito material, minha alma ciumenta Fez dele um lacrimal e um ninho de gemidos.   É a oliva extasiada e a flauta embaladora, O tubo pelo qual desce o maná de outrora, Canaã feminil dos mostos escondidos.

MEU PENSAMENTO É UM RIO SUBTERRÂNEO – Fernando Pessoa

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Meu pensamento é um rio subterrâneo. Para que terras vai e donde vem? Não sei... Na noite em que o meu ser o tem Emerge dele um ruído subitâneo   De origens no Mistério extraviadas De eu compreendê-las..., misteriosas fontes Habitando a distância de ermos montes Onde os momentos são a Deus chegados...   De vez em quando luze em minha mágoa Como um farol num mar desconhecido Um movimento de correr, perdido Em mim, um pálido soluço de água...   E eu relembro de tempos mais antigos Que a minha consciência da ilusão Águas divinas percorrendo o chão De verdores uníssonos e amigos,   E a ideia de uma Pátria anterior À forma consciente do meu ser Dói ‑ me no que desejo, e vem bater Como uma onda de encontro à minha dor.   Escuto ‑ o... Ao longe, no meu vago tato Da minha alma, perdido som incerto, Como um eterno rio indescoberto, Mais que a ideia de rio certo e abstrato...   E p'ra onde é que ele vai, que se extravia Do meu ouv